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Escrevendo Intensamente

A escrever a gente se entende...

Escrevendo Intensamente

A Patada no Coração

José Fernando, 18.02.24

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Ele aproximava-se de mim a farejar o chão. Quando já estava próximo, parou, levantou o focinho e ficou a olhar-me nos olhos. A sua pelagem branca suja e encaracolada chamava por mim para eu lhe abraçar e fazer festinhas. Abaixei-me e, chamando-o, aguardei que viesse até mim. Ele alegremente abanou a cauda e veio, correspondendo assim à minha chamada.

Gosto muito de cães meigos e facilmente me perco quando eles me aceitam como amigo. Este cão não era como os outros que conheci. Eu sabia que havia algo de especial nele. Fiquei muito feliz porque aquele era um cão que estava aos cuidados do meu pai. O meu pai também parecia gostar dele.

Agora sabia que cada vez que fosse visitar o meu pai, iria encontrar a coisa mais fofa que já tinha visto na vida. Era um motivo a dobrar para ir até à casa do meu pai. Ali podia ser beijado louca e docemente por aquele pequeno e adorável animal. Quase que relegava o meu pai para segundo plano.

Cada fim de semana que visitava o meu pai era agora para mim uma coisa muito feliz. Eu brincava com o cão, corria na sua companhia, quando não o via chamava-o e ele logo vinha ter comigo. Pensando bem, era uma paixão mútua. O tempo que passava com ele, éramos inseparáveis.

Certo dia, em uma das minhas visitas ao meu pai, achei estranho ele não se encontrar em casa. Procurei ver algo através das janelas, fui até à horta que ele cuidava, espreitei pela janela da fábrica velha e nada. Não havia sinais do meu pai, nem sequer do cão branco de pelo encaracolado. Esperei e esperaria o tempo que fosse preciso.

Quando, por fim, escutei passos a aproximarem-se de mim, encarei o meu pai que pouco falou quando me viu. Cumprimentamo-nos como habitualmente e logo perguntei pelo cão. Ele olhou para mim e abanou a cabeça, dizendo que o tinha perdido no mercado local onde tinha ido. Eu não podia acreditar.

Teria ele uma vez mais abandonado um cão que eu tanto gostava? Deixei inconsolável a companhia do meu pai e fui até um monte onde sozinho chorei horas a fio, sem conseguir esgotar as minhas lágrimas. Sei que um cão como aquele não voltaria a encontrar. Cães há muitos, uns melhores outros piores. Mas nunca mais consegui amar um cão em toda a minha vida. Gostar sim, mas amar não.

O Cofre da Minha Mente

José Fernando, 17.02.24

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Uma das coisas que gostaria de ter era uma mente perfeita. Com o passar da idade, as memórias ficam sempre vagas e nem sempre me lembro daquilo que gostaria. Uma das minhas memórias que perduram é a de que li o meu primeiro romance quando era ainda bem novo, mas gostaria de me lembrar da história como ela realmente é.

Quando reli a sinopse desse livro, cheguei à conclusão de que parte daquilo que me lembro são memórias confusas. Pelo menos a ideia de que gostei bastante dessa leitura perdura e é verdadeira. Já não é mau. É curioso que o livro em causa conta a história de alguém que perde a memória.

Nasci e cresci numa família com poucos recursos financeiros. Ainda assim, tive a minha mãe que se preocupou com o meu desenvolvimento intelectual. Foi com esse livro e vários outros que nutri a minha mente e comecei a compreender melhor o mundo e aquilo que me rodeia. Com isso, fui guardando carinhosamente no cofre da minha mente pedaços que o tempo não conseguiu roubar.

Quando tento lembrar o passado, nas águas turvas da minha mente, consigo ver apenas o mundo como aprendi a ver. E não é só com romances longínquos que isso acontece. Faz pouco tempo que fui à minha biblioteca tirar um outro livro que me marcou: “A História de Edgar Sawtelle” e confirmei que as memórias que ficam são também elas vagas.

Quando o cofre na minha mente é assaltado pelo tempo, ele só não leva embora aquilo que não consegue. Com isso, vejo que tenho de me reduzir à minha insignificância e, quando tiver dúvidas sobre algum livro que li, o melhor é ler novamente. Certamente que serei beneficiado por isso.

Deuses do Egito: Rá

José Fernando, 19.01.24

Desde os primórdios do antigo Egito, os egípcios começaram a adorar vários deuses. Apesar de não se saber quando começou a adoração aos deuses, evidências apontam para o seu início desde o período pré-dinástico (antes de 3.100 a.C.).

 

Foi com a adoração aos elementos da natureza que tudo começou. Como povo agrícola e sua dependência do rio Nilo para sobreviverem, deram ao rio o nome de 'Hapi' e o adoravam na esperança de obterem boas colheitas. Também começaram a adorar o deus sol, a lua, as estrelas e outras forças da natureza, como o vento e a chuva.

 

Além do mencionado anteriormente, a crença em forças que controlavam o universo e a necessidade de explicar o mundo ao redor levaram ao surgimento dos mais variados deuses no Egito. A religião tornava-se uma parte importante na vida cotidiana dos antigos egípcios. A criação de mitos e histórias fazia com que os novos deuses fossem temidos e respeitados.

 

Com a crença de que era importante agradar aos deuses que controlavam o seu destino, os egípcios praticavam uma variedade de rituais religiosos, tais como orações, sacrifícios e festas. A religião mostrou ser uma influência profunda na cultura e na sociedade, tendo também um papel importante na política e na economia do antigo Egito. A religião estava presente na arte, na arquitetura, na literatura e na música egípcias.

 

Com o tempo, novos deuses surgiram, e alguns deuses se fundiram ou se separaram de outros. Assim, surgiram alguns deuses com formas diferentes, como de animais, humanos ou híbridos. No caso do deus Rá, este veio a ser uma das principais divindades por volta da quinta dinastia. Ele terá sido "criado" como sendo um homem com cabeça de falcão.

 

O deus Rá não teve só o falcão (com um disco solar no topo) como sua representação, mas teve sim diversos animais e seus diferentes significados. Ele foi retratado como carneiro, besouro, fênix, garça-real, serpente, touro, gato ou leão, entre outros. Era, no entanto, o falcão o mais conhecido entre eles.

 

Rá terá tido o seu culto modificado por Aquenáton, no Período de Amarna, mas após a morte deste, o culto foi restaurado. Mais tarde, os faraós designavam-se como filhos do deus Rá, dando assim ainda mais importância ao culto desse deus. Assim, aquele que foi considerado o criador de tudo e o rei entre os deuses veio a tornar-se um dos principais deuses que o Egito já conheceu.

Reflexões sobre um Mundo em Conflito: Entre Desespero e Indignação

José Fernando, 18.10.23

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Considero que o mundo está a caminhar para uma calamidade sem precedentes. Talvez seja também por isso que hoje vejo cada vez menos notícias e até televisão. Tento ser muito seletivo naquilo que vejo e leio, assim não fico demasiado sensibilizado com o que passam nos noticiários.

Mesmo evitando os noticiários televisivos não consigo deixar de ficar chocado com o que se passa. Como se já não bastasse a invasão na Ucrânia por parte da Rússia e as consequências que isso trouxe para todos nós, agora temos uma guerra entre o Hamas e Israel. Parece que a guerra anda a se alastrar pelo globo e com muita severidade. As pessoas andam loucas!

Simplesmente não consigo ficar indiferente, A guerra na Ucrânia já me revoltava, agora fico meio incrédulo com a matança de pessoas inocentes por parte de alguém que pensa estar a fazer a vontade de Deus. Mas porque será que pensam que “Alá” deseja tanto sofrimento para as pessoas, ainda mais as inocentes?

A influencia dos EUA

Como não deixaria de acontecer, os EUA têm de estar presentes nos principais conflitos, nem que seja com a sua mensagem de apoio a um dos lados, ou na sua tentativa de se mostrar imparcial. Tudo dependendo dos seus interesses.

Pelo que entendi, os EUA vetaram que a ONU pressionasse os envolvidos no conflito para que fizessem uma pausa no confronto para que seja prestado auxílio humanitário. Isso levanta para mim uma questão: estão as principais potências a fomentar a paz no mundo ou estão a contribuir para alimentar a fogueira?

Como podem os países e as pessoas ficarem indiferentes a um “atentado” como o que aconteceu num hospital em Gaza em que morreram centenas de pessoas? É isto que me causa algum incomodo e é assim que chego à ideia de que o mundo está a caminhar para uma calamidade sem precedentes.

O mundo está louco

Com isto tudo é impossível ficar indiferente ao que vai acontecendo pelo mundo, por causa da defesa dos interesses de algumas individualidades, ou de grupos extremistas. Continuo a tentar evitar as imagens violentas que passam na televisão, mas não censuro que o façam, porque todos temos de estar conscientes do sofrimento por que muitos passam. Os líderes políticos estão loucos, quem aceita tirar a vida do seu próximo está louco e quem vai pagar somos todos nós.

TVDE e a necessidade de maior fiscalização

José Fernando, 30.05.23

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Os elevados preços praticados pelos táxis "normais" levaram muitas pessoas a abandonar este meio de transporte e a optar pelos serviços de transporte em veículos descaracterizados (TVDE), que são mais acessíveis em termos de preço. Incentivei uma amiga a utilizar os serviços de TVDE, uma vez que ela precisa de utilizar táxis regularmente, e em várias viagens tem conseguido poupar bastante dinheiro.

No entanto, comecei a preocupar-me com a segurança dela quando comecei a ouvir relatos de incumprimento por parte dos motoristas dos TVDE. Inicialmente, pensei que fosse alguém a espalhar notícias falsas para dissuadir as pessoas de utilizarem esses serviços, mas agora lamento ter pensado dessa forma. Com as várias notícias divulgadas pelos principais meios de comunicação social, verifico que, afinal, os rumores têm fundamento.

Existem estrangeiros a trabalhar em Portugal como motoristas de TVDE que não sabem falar português, que obtiveram aprovação nos exames em português e que nem sequer possuem carta de condução. Diz-se que alguns compram as cartas de condução, e estas são aprovadas pelo IMT. Relatos de mau atendimento aos clientes também são frequentes, apesar de a minha amiga não ter razão de queixa.

Diante disso, o que fazer quando temos de gastar uma fortuna em táxis? E se essa situação se tornar insuportável? É mais do que hora de intensificar a fiscalização dos motoristas em várias frentes, a fim de devolver alguma tranquilidade e segurança ao serviço.

Não estou a criticar completamente as entidades responsáveis pela fiscalização, mas sim a incentivar um esforço maior nesse sentido. Caminhar grandes distâncias para evitar pagar as exorbitantes tarifas dos táxis não é uma solução. Pelo menos, não desejo que a minha amiga tenha que percorrer quilómetros sozinha, durante a noite, depois de um longo dia de trabalho.

Infelizmente, se é isso que temos, não devemos conformar-nos com a situação. Faço um apelo para que se combatam essas irregularidades. Reconheço que será difícil reduzir os preços das viagens nos táxis "normais" devido às várias razões apresentadas pelos motoristas.

Um abraço.